O prazer cigano pelas andanças nesse espaço maravilhoso em que vivemos, que é o planeta Terra. Aqui as minhas viagens físicas e mentais. Caminhos percorridos no passado, no presente e caminhos à percorrer no futuro, e o convite, a quem achar que vale à pena, percorre-los comigo.
sábado, 22 de março de 2014
Vengo - Naci En Alamo - Tarde. Final de sábado. A chuva copiosa cai. As pessoas fugiram da rua. Meu coração de andarilha sem pátria, que olha a tudo com curiosidade e se espanta com a frieza das regras sociais perversamente estabelecidas, olha a rua sem gente e se compraz com a força da natureza que recolhe as pessoas nos seus nichos. Esse vídeo é para os amigos que como eu andam na busca.
quinta-feira, 13 de março de 2014
continuando com as impressões de Kabul
Kabul...Impressões...
Kabul...barf miborá...
Meu país
tropical não conhece este branco
asséptico,
misterioso, mágico...
Inimaginável
para minha alma
acostumada
a verde e brilho de sol...
e chuva.
De onde sai
esta mágica,
que toma
conta de tudo,
se impõe a
tudo?
A minha
alma
fica
impregnada de branco
e se veste
de gris.
Onde se
escondeu a dor e o medo
das
crianças e das mães
quando o
clarão e o barulho das bombas
invadiam o
céu de Kabul,
nestes dias
brancos?
O galo
cantava?
O muezim chamava para a oração?
Oh Kabul...”barf miborá”... Kabul-março/2005
sábado, 8 de março de 2014
Kabul,
capital do Afeganistão, se situa em um vale entre montanhas muito altas. Estas
no seu entorno, sempre nevadas, são o começo do Hindukush, que por sua vez é
uma parte dos Himalaias. Quando o avião se prepara para iniciar a descida,
ainda sobrevoando as montanhas altíssimas, pontiagudas e brancas, uma ansiedade
brota. A proximidade dos cumes é grande e um universo assustador se impõe.
Melhor é não olhar para baixo mas a minha natural curiosidade ultrapassa os
limites do meu medo e olho. Olho e fico extasiada com aquela paisagem. Me sinto
pequenina e limitada. Penso em que tipo de vida transita por aquelas paragens
assustadoras sob o ângulo da minha visão. Devagar as montanhas vão passando...
vou passando por elas. De repente o vale do rio Kabul e a cidade..., outrora,
grande e importante centro cultural, hoje..., calcinada por guerras sucessivas
e heroicamente sendo reconstruída. Vistas de cima, as casas se misturam com a
cor do solo. A maioria delas, construídas com o barro do lugar, têm a mesma cor
da terra. É bonito ver Kabul do alto mas estou ansiosa para andar em suas ruas,
conhecer o seu povo e sentir a atmosfera da cidade, que esteve em tantas
manchetes, como alvo, na caça mal sucedida a Osama Bin Laden. Ali naquele
lugar, os afegãos protegeram, em algum momento, o seu hóspede. Para os afegãos
os hóspedes são protegidos até com a própria vida. Com isto não contavam ou
disto não sabiam. Mas o concreto é que muitos alvos equivocados foram
atingidos. Hospitais, escolas e habitações de civis e muitas pessoas morreram.
Kôbul...
Num dia, já
há muito passado, você entrou na minha casa,
por uma
carta... Kôbul tinha o povo
mais digno
jamais visto.
Assim você
entrou na minha casa.
A minha
geografia não fora tão longe para trazer você a mim.
Foi a
carta.
Imaginei...Kabul...o
povo mais digno...Afeganistão.
Tão
distante.
Pensei em
você mesmo sem lhe conhecer.
Eu nem
mesmo sabia direito onde lhe encontrar.
Agora
Kôbul...aqui estou
na sua
pulsação, no seu coração.
A primeira
neve ... O primeiro grande frio.
Da janela
vejo um pouco das suas casas, da sua gente...a mais digna.
Eu não
sabia como caminhar por suas ruas...tinha medo
de não ser
o que você queria de mim.
Envolvi meu
corpo com muitos panos...como afghani.
Tinha
frio...Coloquei o tchadór.
Aqueci-me e
me encorajei e saí..., tímida.
Não
importa.
Decidida.
Queria ver
seu rosto perto do meu.
Tive medos.
Meu corpo
tropical esfriou.
Mas agora, aquecida
e devagar percebo seu sentimento.
Vejo pipas
coloridas no céu.
Ouço o
muezim chamar para oração
nas suas
manhãs e tardes,
do alto dos
minaretes das mesquitas envelhecidas.
Apalpo seus
muros furados por balaços de canhões.
Tateio seus
botões de rosa aguardando o calor,
para
florescer.
Acaricio
seus animais da rua, suas crianças,
com os
olhos.
Sua gente,
seus pássaros, suas montanhas, sua neblina,
sua neve,
seu sol, sua destruição e seu
renascimento,
com os
olhos...
Kôbul...Salâm
aleikum...
Kabul/março/2005
Ir pra lá de mim
Andar, voar, mergulhar, transpor espaços,
os rasos, os profundos, perigosos e os nem sei.
Com as pernas, com as asas, os olhos, com a mente,
com os sonhos.
Ousar caminhos desconhecidos e temidos.
Cair de quatro na beira do abismo e saltar.
Atravessar desertos.
Cortar a correnteza dos rios.
Nadar no mar alto.
Não voltar nunca. Ir.
os rasos, os profundos, perigosos e os nem sei.
Com as pernas, com as asas, os olhos, com a mente,
com os sonhos.
Ousar caminhos desconhecidos e temidos.
Cair de quatro na beira do abismo e saltar.
Atravessar desertos.
Cortar a correnteza dos rios.
Nadar no mar alto.
Não voltar nunca. Ir.
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