EL ESCRIBIDOR DEL DESIERTO: EL CUERVO QUE HABLABA: Tenía yo 11 años y era mi primer día en San Vicente. Estaba sentado a la mesa de la cocina desayunando con mis primos, a quienes había ...
Como todos seus contos esse também é lindo e sensível! Senti vontade conhecer Bandolero e certamente choraria a sua morte juntamente com o menino do deserto de Sonora.
O prazer cigano pelas andanças nesse espaço maravilhoso em que vivemos, que é o planeta Terra. Aqui as minhas viagens físicas e mentais. Caminhos percorridos no passado, no presente e caminhos à percorrer no futuro, e o convite, a quem achar que vale à pena, percorre-los comigo.
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
EL ESCRIBIDOR DEL DESIERTO: EL CUERVO QUE HABLABA
EL ESCRIBIDOR DEL DESIERTO: EL CUERVO QUE HABLABA: Tenía yo 11 años y era mi primer día en San Vicente. Estaba sentado a la mesa de la cocina desayunando con mis primos, a quienes había ...
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Soroco Negro
Soroco é o
nome que meu filho Márlio deu a um gato de rua que encontrou à morte e
pequenino nas ruas de Ilha Bela, onde vivia então. O Soroco era de cor amarela com
rajas brancas e cresceu se tornando um lindo e grande gato cheio de
personalidade própria. Se mudando da Ilha Bela para Cacoal meu flho levou consigo
o Soroco, pois tinha por ele uma imensa afeição. Em casa, viviam várias gerações de cães basset teckel, que crio há muitos anos. O Soroco se impôs frente a eles e
conseguiu delimitar seu espaço. Eu, sempre ocupada com mil
coisas, nunca sequer fiz um carinho ao Soroco. Quando me encontrava em Kabul,
num daqueles dias brancos, recebi um telefonema de meu filho, que chorando e
inconsolável, me contou que o Soroco havia morrido. Senti uma grande tristeza
pela morte do grande gato, pela dor do meu filho e pelo fato de nunca haver demonstrado
nenhum afeto ao animal. Neste mesmo dia, olhando através da vidraça os tetos
brancos das casas vizinhas, vi uma figura de felino negro caminhando sobre uma
parreira em meio aos pontos brancos de neve. Repentinamente me veio uma imensa vontade de atrair aquele gato e
compensar em atenção e carinhos tudo o que não fiz pelo Soroco.
Passei então a espreita-lo cotidianamente nas suas incursões pelos muros e
tetos das casas. Era um gato de rua, adulto, grande e arisco...chamei-o Soroco Negro.
Cenário por onde Soroco Negro perambulava
Quando vi o Soroco Negro pela 1a vez
Soroco
Negro,
contraposição,
extremo,
deitado na
neve branca.
Eu te
busco,
te
espreito
e te chamo.
Querer
ardente,
compensação
do que não fiz
pelo Soroco
Amarelo Rajado.
Agora uma
dor.
Se queres
aqui estou,
pronta para
acariciar
sem tempo
contado,
seus
pelos negros,
contraposição
extrema
com a neve
branca.
Kabul/março/2005
Tracei
então uma meta estratégica. Iria aproximá-lo da minha casa com comida, que
sabia ser o que ele buscava diariamente nas suas saídas, pois não tinha dono
que o tratasse. Pensando assim, coloquei em uma pequena tigela de porcelana uma
boa quantidade de sardinhas, em um canto ao fundo da casa. Dois dias se
passaram e a sardinha continuava intacta. Até que um dia, após ter nevado muito
e o solo se apresentar com uma grossa camada branca que afundava a qualquer
peso, saí para verificar se ele tinha percebido a iguaria. E com muita alegria
vi as marcas de suas patinhas na neve. Emocionada as segui. Não deu outra! Ele
tinha encontrado a comida! Senti uma satisfação indescritível e soube que havia
começado a alcançar meu intento. Passei a colocar comida diariamente e
diariamente essa ia sendo consumida. Mas não conseguia vê-lo. Passaram-se dias
e resolvi colocar a tigela com as sardinhas em um local onde eu pudesse
enxergar o que se passava no jardim através da janela do meu quarto. Resolvi
montar guarda. Então, em um momento, após estar cansada de esperar, com uma
grande satisfação, o vi chegar cauteloso e encontrar a comida. Corri e tentei
me aproximar, ao que ele respondeu com uma desabalada corrida até um ponto que
marcava uma distancia segura de mim. Foram dias de tentativa, até que em um desses, sentei-me na varanda, sob o frio intenso e resolvi esperar até que ele
chegasse. Me coloquei bem próxima ao local onde colocara a comida e neste dia
ele se aproximou suave. Me mantive quieta. Assim me portei por alguns dias. Me
aproximava mais e mais a cada dia. Passei então a chama-lo de Soroco da
forma que chamamos gatos, independentemente de sua nacionalidade. -"Soroco vem, Chanim, chanin....psiuiiiiiiiii...."- Ele só me olhava e abaixava os olhos, a cabeça, e continuava sua tarefa. Continuei insistindo até que em um momento ele cedeu aos meus
apelos. Se aproximou de mim, e como fazem os gatos, começou a se esfregar em
minhas pernas. Continuamos nosso namoro por mais alguns dias até que ousei
tocá-lo. Ele aceitou meu toque. Foi um momento cheio de magia. Senti que havia
conseguido alcançar o que pretendia. À partir daí ele ficou meu amigo. Não
fugia mais, entretanto eu não ousava pegá-lo ao colo.
No dia em que
voltei para o Brasil por ocasião da minha primeira viagem a Kabul, antes de sair, o chamei em voz bem alta. Fiz só por fazer, pois não acreditava que ele atenderia ao meu chamado mas
ele apareceu, e pela primeira vez o peguei ao colo...
sábado, 5 de abril de 2014
dança afegã - Marian
O grande preconceito a que o Islã é submetido não permite que as pessoas busquem as belezas e sensibilidades do Afeganistão, que é visto pela maioria como um país de horrores. Tive o privilégio de conhecer tanto os impactos terríveis das sucessivas guerras às quais o país foi submetido quanto as riquezas culturais que o país guarda no âmago de sua sociedade. Aqui nessa postagem um cadinho dessa beleza e doçura.
Cushis belezura
Cushis...
crianças,
mulheres, homens...
coloridos
com seus camelos
coloridos...burricos
coloridos.
Verde,
azul, amarelo, roxo...arco íris.
Nômades
coloridos.
Tendas
negras e lágrimas salgadas.
Pedras
vermelhas marcadas
pra ninguém
pisar.
Quem “cushi”...pisou, perdeu, morreu.
Bonecas
pras meninas.
Quem menina
pegou, perdeu, morreu.
Deserto
adornado diabolicamente com canhões.
Oásis sem
tamareiras.
Cushis
Cromobelezura
Pushtun,
tadjique, hazará, usbek, turkman
do
Afeganistão.
Meus olhos
enchem de cor
quando os
vejo passar.
Menina
colorida,
Cuidado...
não pegue a
boneca.
PUM!
Kabul março/2005
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Branco
Branco
reluz.
Branco
floco que cai.
Se sobrepõe
ao branco já.
Branco mais
branco que a roupa
de Iemanjá.
Branca
Kabul.
Branca,
estéril a minha dor.
Branco
floco que cai.
Branco o
meu amor.
A minha
dor.
Branca a
minha pouca esperança.
Branca a
saudade.
A vontade
de ser de outra cor.
Coração
branco
aqui em
Kabul...
Kabul –
março/2005
sábado, 22 de março de 2014
Vengo - Naci En Alamo - Tarde. Final de sábado. A chuva copiosa cai. As pessoas fugiram da rua. Meu coração de andarilha sem pátria, que olha a tudo com curiosidade e se espanta com a frieza das regras sociais perversamente estabelecidas, olha a rua sem gente e se compraz com a força da natureza que recolhe as pessoas nos seus nichos. Esse vídeo é para os amigos que como eu andam na busca.
quinta-feira, 13 de março de 2014
continuando com as impressões de Kabul
Kabul...Impressões...
Kabul...barf miborá...
Meu país
tropical não conhece este branco
asséptico,
misterioso, mágico...
Inimaginável
para minha alma
acostumada
a verde e brilho de sol...
e chuva.
De onde sai
esta mágica,
que toma
conta de tudo,
se impõe a
tudo?
A minha
alma
fica
impregnada de branco
e se veste
de gris.
Onde se
escondeu a dor e o medo
das
crianças e das mães
quando o
clarão e o barulho das bombas
invadiam o
céu de Kabul,
nestes dias
brancos?
O galo
cantava?
O muezim chamava para a oração?
Oh Kabul...”barf miborá”... Kabul-março/2005
sábado, 8 de março de 2014
Kabul,
capital do Afeganistão, se situa em um vale entre montanhas muito altas. Estas
no seu entorno, sempre nevadas, são o começo do Hindukush, que por sua vez é
uma parte dos Himalaias. Quando o avião se prepara para iniciar a descida,
ainda sobrevoando as montanhas altíssimas, pontiagudas e brancas, uma ansiedade
brota. A proximidade dos cumes é grande e um universo assustador se impõe.
Melhor é não olhar para baixo mas a minha natural curiosidade ultrapassa os
limites do meu medo e olho. Olho e fico extasiada com aquela paisagem. Me sinto
pequenina e limitada. Penso em que tipo de vida transita por aquelas paragens
assustadoras sob o ângulo da minha visão. Devagar as montanhas vão passando...
vou passando por elas. De repente o vale do rio Kabul e a cidade..., outrora,
grande e importante centro cultural, hoje..., calcinada por guerras sucessivas
e heroicamente sendo reconstruída. Vistas de cima, as casas se misturam com a
cor do solo. A maioria delas, construídas com o barro do lugar, têm a mesma cor
da terra. É bonito ver Kabul do alto mas estou ansiosa para andar em suas ruas,
conhecer o seu povo e sentir a atmosfera da cidade, que esteve em tantas
manchetes, como alvo, na caça mal sucedida a Osama Bin Laden. Ali naquele
lugar, os afegãos protegeram, em algum momento, o seu hóspede. Para os afegãos
os hóspedes são protegidos até com a própria vida. Com isto não contavam ou
disto não sabiam. Mas o concreto é que muitos alvos equivocados foram
atingidos. Hospitais, escolas e habitações de civis e muitas pessoas morreram.
Kôbul...
Num dia, já
há muito passado, você entrou na minha casa,
por uma
carta... Kôbul tinha o povo
mais digno
jamais visto.
Assim você
entrou na minha casa.
A minha
geografia não fora tão longe para trazer você a mim.
Foi a
carta.
Imaginei...Kabul...o
povo mais digno...Afeganistão.
Tão
distante.
Pensei em
você mesmo sem lhe conhecer.
Eu nem
mesmo sabia direito onde lhe encontrar.
Agora
Kôbul...aqui estou
na sua
pulsação, no seu coração.
A primeira
neve ... O primeiro grande frio.
Da janela
vejo um pouco das suas casas, da sua gente...a mais digna.
Eu não
sabia como caminhar por suas ruas...tinha medo
de não ser
o que você queria de mim.
Envolvi meu
corpo com muitos panos...como afghani.
Tinha
frio...Coloquei o tchadór.
Aqueci-me e
me encorajei e saí..., tímida.
Não
importa.
Decidida.
Queria ver
seu rosto perto do meu.
Tive medos.
Meu corpo
tropical esfriou.
Mas agora, aquecida
e devagar percebo seu sentimento.
Vejo pipas
coloridas no céu.
Ouço o
muezim chamar para oração
nas suas
manhãs e tardes,
do alto dos
minaretes das mesquitas envelhecidas.
Apalpo seus
muros furados por balaços de canhões.
Tateio seus
botões de rosa aguardando o calor,
para
florescer.
Acaricio
seus animais da rua, suas crianças,
com os
olhos.
Sua gente,
seus pássaros, suas montanhas, sua neblina,
sua neve,
seu sol, sua destruição e seu
renascimento,
com os
olhos...
Kôbul...Salâm
aleikum...
Kabul/março/2005
Ir pra lá de mim
Andar, voar, mergulhar, transpor espaços,
os rasos, os profundos, perigosos e os nem sei.
Com as pernas, com as asas, os olhos, com a mente,
com os sonhos.
Ousar caminhos desconhecidos e temidos.
Cair de quatro na beira do abismo e saltar.
Atravessar desertos.
Cortar a correnteza dos rios.
Nadar no mar alto.
Não voltar nunca. Ir.
os rasos, os profundos, perigosos e os nem sei.
Com as pernas, com as asas, os olhos, com a mente,
com os sonhos.
Ousar caminhos desconhecidos e temidos.
Cair de quatro na beira do abismo e saltar.
Atravessar desertos.
Cortar a correnteza dos rios.
Nadar no mar alto.
Não voltar nunca. Ir.
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